Mídia lado a lado das empresas

14:06 Edit This 0 Comments »
Por Flávia Passos Leite

A mídia é totalmente dependente das empresas, visto que são estas que pagam o salário no final do mês dos jornais, em todas as formas nas quais se apresentam (impresso, online, televisão, rádio). É como se houvesse um contrato de apoio entre elas. Um jornal não pode criticar a todo instante uma grande organização que é fiel anunciante em seu veículo.
O filme Obrigado por fumar (Thank you for smoking – 2005) mostra um pouco disso. O longa retrata a vida do lobista americano, Nick Laylor, que é porta-voz da indústria de cigarro. O personagem é ainda amigo dos representantes das indústrias de álcool e armas. Nick tem que conviver diariamente com os ataques à indústria de tabaco, que recaem sobre ele, e ainda reverter a situação para que pareça que o cigarro é uma coisa boa e que deve ser consumido.
É tudo um jogo de palavras e manipulação. As empresas sabem da necessidade de conquistar a mídia, ou pelo menos caminhar junto com ela, já que é esta que tem acesso direto a opinião pública, manipulando-a muitas vezes. Por isso, as organizações investem milhões de reais por ano em assessores de comunicação e relações públicas, e, é claro, em propaganda.
Um grande exemplo de manipulação da mídia pôde ser observado na ascensão de Fernando Collor de Melo, quando se candidatou à Presidência da República, em 1989. Lula era o favorito, mas quando a grande mídia, puxada pela Globo, percebeu que Collor representaria melhor seus interesses fez campanha maciça e garantiu sua vitória. Pouco tempo depois, quando os interesses mudaram, a mesma emissora contribuiu para a deposição do presidente.
Ou quando grandes empresas, como a Petrobras, causam danos ambientais e são obrigadas a pagar multa; a mídia anuncia o fato, mas logo esquece e não acompanha o caso ou faz reflexões maiores acerca do ocorrido. Os assessores de comunicação são pagos para isso. Eles devem saber utilizar as palavras, driblar os jornais, ter poder de contra-argumentar, e ter toda uma opinião à favor do seu representado para que possa contornar as situações ruins que apareçam para querer derrubar a empresa.

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